Thursday, June 02, 2022

 LABORATÓRIO COREOGRÁFICO FARMÁCIA DE FANON

Por Vânia Gala
Vânia Gala iniciou uma investigação na Estufa Tropical do Jardim Botânico de Coimbra. Esta pesquisa - envolvendo visitas e conversas com investigadores ligados ao Jardim Botânico- focou-se em relações biológicas, sensoriais, mas também históricas, económicas, coloniais que esta estufa guarda.
As plantas nunca foram, nem são simplesmente objecto botânicos neutros e passivos mas sim agentes activos da história e política com poder spiritual, ideológico por detrás das quais uma rede subterrânea de conexões entre homem-planta que se entrelaçam.
Trabalhando a partir de um ponto de vista duplo - da África e da Europa - o projeto considera as plantas como testemunhas e agentes da história, e como actores dinâmicos através dos quais natureza e humanos, medicina tradicional e medicina moderna, tradição e modernidade se cruzam. O projecto focar-se-á nas plantas do espaço da estufa tropical como agentes que ligam diferentes geografias, histórias e sistemas de conhecimento, com uma variedade de poderes curativos, espirituais e económicos.
Este laboratório coreográfico centrar-se-á na ideia de nos pensarmos nós humanos como uma inter-espécie de dependência, i.e. pensado o humano como um emaranhado de associações que questiona directamente o controle humano da natureza e a divisão natureza-cultura. Focar-nos-emos em plantas e substâncias específicas ligadas à Estufa Tropical bem como à sua performatividade. Mas também na estufa enquanto laboratório para um modo particular de ver, articular e fazer.
Serão propostas diferentes áreas de inspiração para criar material que sirva à criação coreográfica relacionadas com as propriedades não-humanas das plantas do Jardim Botânico de Coimbra e sua relação com os humanos. Como organizar e desorganizar actos performativos num lugar particular e em corpo(s) fazendo uso de ferramentas de improvisação e de auscultação. Estudaremos atentamente diversas metodologias de auscultação.
O dar voz ao não óptico. Explorar-se-ão novas capacidades de corpos infrequentes
como performers: plantas, matérias olfactivas, "coisas", lugares.
A partir deste laboratório serão gerados materiais que farão parte de uma performance executada pelos participantes na Estufa Tropical do Jardim Botânico.
Calendarização:
Dias 9, 10 das 17:45-21:45 Convento de São Francisco
Dias 11 das 11:00-13:00 14:00-17:30 Convento São Francisco
Dia 12 das 11:00-13:00 14:00-17:30 Convento São Francisco
Dia 13, 14 17:45-20:00 Estufa Tropical + zona circundante
Inscrições:
E-mail: re.forma@bluehouse@gmail.com

DESTINATÁRIOS:
Destina-se a jovens (maiores de 15 anos), estudantes universitários, artistas e público em geral com interesse na área da coreografia, performance e suas intersecções.
Vânia Gala
Biografia
Coreógrafa e investigadora. Tem um Bacherelato em Dança pela EDDC -ArtEZ (University of the Arts, Arnhem) e um Mestrado em Coreografia com Distinção pelo Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance (Londres). É doutorada pela Universidade de Kingston -Kingston School of Arts do Reino Unido da qual recebeu uma bolsa. Os seus interesses incidem sobre práticas experimentais em performance, dança e teatro com ênfase em noções de recusa, (não)performance, opacidade, pensamento-coreográfico, fugitividade, improvisações, valor e hospitalidade. Intervenções performativas recentes incluem a série Give & Take (Tate Modern) e Mesa para Práticas de Pernas para o Ar ou de Cabeça para Baixo no Museu de Arte Moderna Calouste Gulbenkian. Colaborações como intérprete envolveram Les Ballets C. de La B., Constanza Macras, Sonia Boyce, Dina13 e B.Valiente Kompani. Colaborou como coreógrafa com os artistas Sonia Boyce, Harold Offeh e a companhia de teatro Griot. Comissões incluem o projecto Pan- Europeu Cooling Down Signs enquadrado no beyond Front@ apresentado no Dance Week Festival (HR), D.I.D (AT), Front@ Festival (SI), Bakelit (HU). Em 2005 recebeu o prémio de Melhor Performance Feminina no Dublin Fringe Festival e participou no Festival Aerowaves (The Place). Em 2007 actuou no 1º Pavilhão Africano na Bienal de Veneza. Em 2019 recebeu o prémio de Melhor Coreografia do Prémio Guia de Teatros pela sua colaboração com a companhia teatro Griot. Tem textos publicados no catálogo do Pavilhão angolano da Bienal de Veneza de 2015, nas revistas Critical Dialogues e Coreia?. Avaliou e orientou teses de mestrado e de MFA em coreografia. Lecionou módulos de Técnica Release, Composição e Coreografia nas Universidades de Kingston (UK) e Northampton (UK). Leciona no programa de mestrado MA|MFA Choreography do Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance, sendo responsável pela unidade curricular “examining practice”.



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